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20 de Abril de 2024

Advogado agredido em Caxias sofre ameaças de morte

há 7 anos

Advogado agredido em Caxias sofre ameaas de morte

Jornal GGN - A noite do impeachment estava sendo como qualquer outra para o advogado Mauro Rogério Silva dos Santos, que foi buscar seu filho por volta das 22 horas na praça central, onde ocorria uma manifestação pacífica em Caxias do Sul (RS). Chegando ao local, alguns jovens estavam sendo detidos. Mauro se prontificou a tentar ajudá-los e aproximou-se dos policiais militares com a carteira da profissão. "Você é advogado?", perguntou um deles, "Sim", respondeu Mauro. "Aqui, você não é advogado. Se quiser vai ser advogado na delegacia", foram as palavras antes da sequência de agressões físicas ao profissional do direito.

Mas não foram apenas os machucados que marcaram Mauro Rogério dos Santos, modificando completamente a sua vida. Aquela noite do dia 31 de agosto foi apenas o início dos extremismos sofridos pelo advogado e sua família, que passaram a ser ameaçados de morte.

"Os fatos são simples, singelos, eu cheguei no local, fui buscar meu filho, ele estava com outros jovens. E me pediram ajuda para verificar a condição de alguns jovens, que estavam sendo abordados e aquilo que o vídeo mostra. Não há muito mais antes disso, não consegui dialogar. A minha intenção era apenas saber o nome dos jovens e até para poder prestar um atendimento depois, mas não foi possível", contou Mauro ao GGN.

"Eu tirei a carteira do bolso, acho que até por conta dessa situação política que está aí, todo mundo muito tenso, temos que tomar algumas cautelas. Quando eu tirei a minha carteira, talvez eles tenham entendido como uma afronta mas foi exatamente no sentido de criar um canal de confiabilidade, é um advogado" , disse, relatando que as agressões foram ainda piores quando a gravação terminou. "O que não foi gravado é dez vezes pior", completou.

Seu filho, inspirado pelo pai, ia às classes de Direito à noite e pela manhã, trabalhava no escritório do pai. Ao ver seu pai sendo espancado por vários policiais militares, deu um chute em um deles, o que foi motivo para o prenderem por "tentativa de homicídio".

Os dois foram levados a uma delegacia, onde permaneceram cerca de cinco horas algemados. Após ser solto, o filho foi levado à Penitenciária de Caxias pelo suposto "crime" cometido, liberado apenas no dia seguinte com um alvará de soltura. Após sair daquela situação, Mauro Rogério tomou algumas providências.

"Eu procurei ser sistemático: sair da delegacia, tentar soltar o meu filho, procurar atendimento médico e, posterior, comunicar o órgão de classe. O que foi feito, tive a grande satisfação de contar com o apoio da OAB local e nacional, devido à repercussão do caso. Foi-me oferecido entrar no programa de proteção a vítimas e testemunhas ameaçadas. No momento eu abri mão, até porque eu imagino que não seja esta a saída. Imagina, se nós advogados formos ameaçados e tivermos que nos esconder, acabou o direito", relatou.

Após receber o apoio da OAB Nacional, em uma reunião que contou com a presença do presidente do Conselho Federal da entidade, Cláudio Lamachia, a secretária-geral adjunta da OAB/RS, Maria Cristina Carrion Vidal de Oliveira, a coordenadora geral da Comissão de Direitos Humanos, Neusa Rolim Bastos, e outros membros da OAB, Mauro pensava que tudo se resolveria.

Lamachia se reuniria momentos depois com o comando da Brigada Militar local, onde colocou a necessidade de uma agilidade e esclarecimento para apurar os fatos e as condutas dos envolvidos. Mas junto com a repercussão de apoio de entidades e movimentos, chegaram as ameaças.

E não apenas a Mauro e seu filho que estiveram envolvidos nos fatos daquela noite, como também o seu filho mais novo, que vive em outra cidade, passou a ser alvo constante de ameaças de morte.

"Posterior a isso avolumaram-se muito as ameaças aos meus filhos. Recebi muitas ameaças, eu não gostaria de detalhar por motivo lógico, mas eu garanto que foram ameaças consistentes", disse.

O apoio recebido pelas entidades não foram suficientes para barrar os riscos à família. Ao GGN, Mauro contou que terá que tomar medidas radicais, em nome da segurança de seus filhos. "Eu levei uma vida para colocar um filho na faculdade de Física, o outro na de Direito. Agora, eles tem que sair. Tanto um, quanto outro", contou.

"Por mais que eu esteja ainda muito chocado, algumas vezes acabo chorando, mas a minha preocupação não é esta, o que me preocupa é que o advogado não é melhor que um médico, melhor que um jornalista, melhor do que ninguém. Mas a profissão do advogado é essencial à justiça. Ele deve ser respeitado, até para poder avalizar os trabalhos dos policiais que está sendo feito", manifestou.

"Agora, se o advogado não é respeitado, quem avaliza esses procedimentos? Quem busca os direitos constitucionais de todos os cidadãos brasileiros são os advogados. Não é o policial, não é o promotor, não é o juiz. Se passamos a desrespeitar o trabalho dos advogados, daquela forma e de outras, no diaadia, a cidadania perde, porque não tem o seu direito de defesa. Hoje, mais do que nunca, a situação é muito sensível", concluiu.

Fonte: http://jornalggn.com.br/noticia/advogado-agredido-em-caxias-sofre-ameacas-de-morte

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2 Comentários

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O grande problema, não digo que são todos, mais uma boa parte dos policiais, tanto civil, militar, pensam que estão acima de todos. Só por terem direito de andar armado e muitas vezes tem o poder da palavras, eles usam para o lado pessoal. Todo servidor público teria que ter a mentalidade que nos somos seus patroes e eles nos servem e não vise-versa. continuar lendo

Aqui se lê apenas um lado da história. Para ser respeitado há que se respeitar. O que hoje se houve muito é que o PT fala a todo o momento, ou seja, democracia, embora não tenham compreensão da amplitude disso tudo. Hoje vivemos num estado democrático, e tenho absoluta certeza, porque conheço pessoalmente, se Dr. Lamachia entrou nesse assunto a decisão será a que efetivamente o assunto tem que ter. Quanto as ameaças, o Judiciário, se provocado, deverá tomar todas as medidas cabíveis. Embora nós advogados saibamos que nosso Judiciário está acometido de uma paralisia nunca antes vista. continuar lendo